(Para todas aquellas mujeres que perdieron su infancia)
Para que tú te aclares, madre,
te diré que mis gestos ariscos
no son para ti
sino para ahuyentarle.
Que tú siempre me has querido
sin querer que me explicase.
Has esperado en el frío,
has deseado mirarme
y mi mirada te huía
entre disculpas y anodinas frases.
Para que tú te aclares, madre,
te diré que, desde que tengo destino,
mi cuerpo es pozo de sangre.
Que sé que el olvido no existe,
existe el ignora y sálvate.
(De Tierra con nosotros)
PARA QUE SAIBAS
(Para todas as mulheres que perderam a sua infância)
Para que saibas, mãe
dir-te-ei que os meus gestos ariscos
não são para ti
mas para o afugentar.
Que tu sempre me quiseste
sem ter de me explicar.
Esperaste ao frio,
quiseste olhar-me
e o meu olhar fugia-te
entre desculpas e anódinas frases.
Para que saibas, mãe
dir-te-ei que, desde que tenho destino,
o meu corpo é um poço de sangue.
Que sei que o esquecimento não existe,
existe o “ignora!” e salva-te.
(De Terra Habitada, traducción de Jorge Fragoso)
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